quarta-feira, fevereiro 07, 2007

FILHOS DA MAE



Filhos da Mãe
Maria Belo e a Editora Edeline apresentaram o livro da autora “Filhos da Mãe”, no dia 6 de Fevereiro, na Fundação Mário Soares, em Lisboa.A obra foi apresentada por Mário Soares e usou também da palavra Ruy Pereira, Presidente do Centro Português de Psicanálise, a uma assistência interessada no auditório José Gomes Mota.
“Os portugueses comportam-se como povo que teve mãe, mas é órfão do pai (…) E esta explicação poderia ter desenvolvimento psicanalítico.” (António Saraiva de Carvalho)
Foi esse desenvolvimento que Maria Belo se propôs, baseada na diferença entre africanos lusófonos e outros africanos e na forma específica como os portugueses se relacionam com os africanos nas antigas colónias.
A autora tem feito a diferença na acção cívica e política e no mundo académico pela acutilância e pelo inconformismo das suas posições públicas e pela sua experiência internacional. Entre 1988 e 1994 foi deputada ao Parlamento Europeu, em Estrasburgo, pelo Partido Socialista. É Grã-Mestra da Maçonaria feminina de Portugal. (Edeline)

domingo, fevereiro 04, 2007

Cerca Velha


Visita de Estudo - Cerca Velha







Aluno : Mário João Pereira Almeida
Nº 20060786
















Praça da Figueira


Todo o conjunto urbano da Praça da Figueira data da segunda metade do séc. XVIII, estando o seu nome ligado a um dos mais populares mercados a céu aberto que existiu em Lisboa. Local do antigo Hospital de Todos os Santos, destruído pelo terramoto de 1755, a praça passou por diversas fases: em 1835 foi arborizada, em 1849 rodeada de grades de ferro e em 1883,foi demolida.
A nova praça inaugurada em 1885 apresentava quatro cúpulas, três naves e uma área de 8.000 metros quadrados permanecendo assim durante 64 anos após os quais se procedeu à sua demolição definitiva. Hoje é um espaço rodeado de edifícios simples e equilibrados, de onde se tem uma boa perspectiva do Castelo de S. Jorge.
No centro da praça encontra-se a estátua equestre de D. João I (Mestre de Avis) inaugurada em 1971 da autoria de Leopoldo de Almeida e Jorge Segurado.
Uma volta em redor desta permite-nos apreciar um conjunto de estabelecimentos curiosos como o Hospital das Bonecas e a Confeitaria Nacional, bem representativos do comércio à antiga.









Martim Moniz
De acordo com a lenda, terá sido um nobre cavaleiro que lutou com heroísmo durante aquele cerco, ao lado das forças cristãs sob o comando do rei D. Afonso Henriques (1112-85).
Ao perceber o entreabrir de uma porta no Castelo dos Mouros, atacou-a individualmente, sacrificando a vida ao atravessar o seu próprio corpo no vão da mesma, como forma de impedir o seu fechamento pelos defensores.
Esse gesto heróico permitiu o tempo necessário à chegada e o acesso dos companheiros, que assim conseguiram conquistar o castelo. Em homenagem ao fidalgo que se atravessou numa das portas do castelo, franqueando assim a entrada às tropas de D. Afonso Henriques, na tomada de Lisboa aos mouros em 1147 foi dada o nome de Praça Martim Moniz.


Saímos da Praça do Martim Moniz, e subimos pelas belas escadinhas da Senhora da Saúde, Rua Costa do Castelo e Rua dos Cegos até chegar ao ex-libris da cidade de Lisboa, o Castelo São Jorge :

Castelo de São Jorge
Construído sobre uma fortificação visigótica, por sua vez edificada sobre vestígios pré-romanos, foi transformado em alcáçova pelos árabes, para albergar os edifícios mais importantes e a população. Dali nascia uma muralha (a Cerca Moura) que se estendia até ao rio.Castelo de São JorgeDepois da conquista de Lisboa, em 1147, por Dom Afonso Henriques, deixou de ter funções defensivas. Dom Dinis transformou-o em Paço Real, mantendo este papel até ao reinado de Dom Manuel I, mesmo depois de construído o Paço da Ribeira.Castelo de São Jorge
Praticamente destruído com o terramoto de 1755, esteve abandonado até que os militares o ocuparam para albergar quartéis, situação que só foi alterada nos anos 30, quando, ao abrigo do programa de reforma de castelos incluído na Exposição do Mundo Português, ficou com o aspecto actual.Castelo de São JorgeObras recentes de recuperação e valorização da antiga fortaleza e do bairro anexo levaram à abertura de um espaço museológico, o CICL - Centro de Interpretação da Cidade de Lisboa, com um espectáculo multimédia denominado Olisipónia, e à colocação, numa das torres, de um periscópio gigante, através do qual é possível observar, numa câmara escura, imagens da cidade em movimento.
Este Castelo, tem uma soberba vista, sobre a cidade de Lisboa, sobre o mar da Palha ( Rio Tejo) e sobre a infinita paisagem da margem sul do Tejo, desde Almada, Barreiro até Palmela.






Saindo do Castelo, descemos até ao belo,
Miradouro de Santa Luzia,
onde se pode observar mais uma vez a magnifica paisagem sobre o Tejo e Alfama. Os pontos característicos, da esquerda para a direita, são a cúpula de Santa Engrácia, a Igreja de Santo Estevão e as duas torres brancas de São Miguel.
A muralha sul de Santa Luzia tem dois modernos painéis de azulejos, um da Praça do Comércio de antes do terramoto e outro com os cristãos a atacarem o castelo de São Jorge.

depois,



Alfama
Alfama é um dos bairros mais típicos da cidade de Lisboa. Nas suas estreitas e sinuosas ruelas esconde-se o núcleo original da cidade, nas suas escadinhas respira-se a alma de Lisboa.
É um bairro histórico, conhecido internacionalmente pelos seus bares de fado. O seu nome deriva do nome árabe al-hamma (que significa banhos ou fontes).
Este bairro foi outrora o mais agradável da cidade. Para os mouros as ruas estreitas em volta do castelo constituíam toda a cidade. As origens do declínio surgiram na Idade Média, quando os residentes ricos se mudaram para o oeste com receio dos terramotos, deixando o bairro para pescadores e pobres. Os prédios resistiram ao terramoto de 1755. Apesar de já não existirem casas mouriscas, o bairro conserva um pouco do ambiente, do casbá com as suas ruelas, escadarias e roupa a secar nas janelas. As áreas mais arruinadas estão a ser restauradas e a vida desenvolve-se em volta das pequenas mercearias e tabernas.


Após visita a Alfama, passamos pelo conhecido,





Chafariz d´el Rei
O Chafariz D´El Rei foi em tempos conhecido por chafariz de São João da Praça e deve a sua actual designação às alterações efectuadas por Dom Dinis, em 1308. É um dos mais antigos de Lisboa. Sofreu obras nos reinados de Dom João II e de Dom Manuel I. Devido à grande afluência de pessoas, o chafariz era na altura a principal fonte de água potável, e às consequentes esperas e zaragatas que daí resultavam, saiu, em 1551, uma norma camarária. Esta norma decretava que cada uma das seis bicas que o chafariz tinha passava a servir apaenas um grupo social: na primeira abasteciam-se os negros, mulatos e índios; na segunda os mouros das galés; a terceira e a quarta estavam reservados aos rapazes e homens brancos; na quinta abasteciam-se as mulheres negras e na sexta as raparigas e mulheres brancas. Quem transgredisse esta lei seria castigado. Não se sabe exactamente quantas alterações foram executadas e que lhe deram o aspecto actual. Hoje em dia o chafariz possui apenas três bicas.

Por último, e para terminar esta visita de estudo uma paragem em frente à,





Casa dos Bicos
mandada construir em 1523 por Brás de Albuquerque, presidente do Senado em Lisboa e protegido do rei D. Manuel, era destinada a habitação. Em 1981, foi restaurada segundo o desenho primitivo para albergar um dos núcleos da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura. A sua decoração, os "bicos", demonstra uma clara influência italianizante, provavelmente do Palácio dos Diamantes em Ferrara, ou do Palácio Bevilacqua em Bolonha. Acolheu a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses até à sua extinção.



Deixando aqui o meu agradecimento à Professora M.Alzira Roque Gameiro, pela sua disponibilidade e pela forma fácil e sintética como nos mostrou, uma parte da cidade que fica tão perto de nós e que tão mal conhecemos.

Bibliograia:
Várias revistas Municipais.
Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa

sábado, março 18, 2006

DIA 21 MARÇO

DIA 21 MARÇO
DIA MUNDIAL DA POESIA
INICIO DA PRIMAVERA
NASCIMENTO DA SOFIA TIAGO

sexta-feira, março 17, 2006

GRANDE DIA NO PARQUE DAS NAÇÕES

Hoje Sexta-Feira o Parque das Nações é sem dúvida o palco principal deste nosso País que é pequeno em dimensão, mas grande em eventos.

O XXVIII CONGRESSO PSD na Sala Tejo do Pavilhão Atlântico
Ver: WWW.PSD.PT

Assembleia Geral do SPORTING Club Portugal, no pavilhão Atlântico.
Ver: WWW.SPORTING.PT



MOTOEXPO Salão das 2 rodas e acessórios
Ver: WWW.MOTOEXPO.FIL.PT




1606-2006 REMBRANDT 400





É no ano de 2006 que se completam 400 anos desde que REMBRANDT van Rijn viu a luz pela primeira vez em Leiden. Por esta razão se está dedicar uma especial atenção durante todo ano a este maestro Holandês.
Este maestro conseguiu captar como ninguém a luz e a obscuridade nos seus quadros e desenhos.

Vejam o site: WWW.REMBRANDT400.COM



MA

sábado, fevereiro 11, 2006

INAUGURAÇAO OFICIAL JOGOS INVERNO





Inauguração oficial dos Jogos de Inverno

Ontem no Estádio Olímpico de Turim, foi feita abertura oficial da 20ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno.
Como é tradição o evento inaugural dos Jogos incluiu o desfile festivo dos 2500 atletas participantes que durante 15 dias e em 15 modalidades de desportos de Inverno representarão os respectivos países num total de 80.
Nesta cerimónia solene esteve presente o chefe de Estado italiano, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge que foram ladeados pela mulher do presidente dos EUA, Laura Bush, além da presença na tribuna de honra de outras altas individualidades italianas e estrangeiras das áreas desportiva, política, cultural e artística.
Algumas fotos desta cerimonia,

WORLD PRESS PHOTO 2006

O mais prestigiante prémio do fotojornalismo mundial, atribuíu esta semana seus os prémios.


Foi esta a imagem eleita «Foto do Ano» do World Press Photo 2006


«Mãe e filho num centro de emergência alimentar» do Níger, foi o tema fotografado pelo canadiano Finbarr O´Reilly

Uriel Sinai - Melhor foto-reportagem sobre temas da actualidade: «Evacuação dos colonatos judeus», Israel .

Donald Miralle - Melhor foto-reportagem sobre desporto: «Portfolio de desporto», EUA.

.Henry Agudelo (Colômbia) - Melhor foto de desporto: «Toureiro», Medilin

Asa Sjostrom (Suécia) - Melhor foto-reportagem de cultura e entretenimento: «Escola de bailado», Moldávia .

Kieran Dodds (Reino Unido) - Melhor foto-reportagem sobre temas da natureza: «Morcegos da fruta», Parque Nacional Kasanka

Fotos: Reuteurs

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

HABITANTE DESCONHECIDO


PAPOUASIA

Numa expedição na Indónesia foi encontrada uma especie nunca vista por este planeta.
A alimentação desta animal é a base de mel.
Reparem na sua beleza.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

PARABENS GRANDE "MOZART"



Amadeus
Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart nasceu em Salzburgo a 27 de Janeiro de 1756. Os dois primeiros nomes evocam São João Crisóstomo, cuja festa se celebra a 27 de Janeiro. Theophilus (que significa "Amado dos Deuses") era um dos nomes do seu padrinho. Mozart viria a usar mais tarde a variante italiana de Amadeo, a versão afrancesada de Amadé ou o alemão Gottlieb. Poucas vezes terá adoptado a variante latina de Amadeus, com a qual ficou conhecido pela posteridade.
Bach
Uma das principais pontes de contacto entre Mozart e a obra de J. S. Bach fez-se por via do barão Gottfried van Swieten. Nas sessões semanais que este organizava na sua casa, em Viena, Mozart conheceu A Arte da Fuga e o Cravo bem Temperado, entre outras obras do compositor alemão. A sua influência reflectiu-se no estilo mais contrapontístico das últimas criações de Mozart, por exemplo em passagens de A Flauta Mágica, no andamento final da Sinfonia Júpiter ou no Requiem.
Classicismo
Em Mozart encontramos a síntese perfeita entre forma e conteúdo. Graças à sólida formação fornecida pelo seu pai, Leopold Mozart, e às múltiplas viagens que efectuou pela Europa, tomou contacto com toda a música do seu tempo, o que lhe permitiu absorver com extraordinária rapidez os traços essenciais das vários tendências estilísticas. Ao mesmo tempo que superava os seus modelos, operava uma admirável síntese dos estilos nacionais, que faz dele uma espécie de espelho da sua época e, juntamente com Haydn e Beethoven, um dos mais perfeitos exemplos do classicismo musical.
Concertos
A produção concertante é um dos grandes legados de Mozart, sobretudo os 27 concertos para piano e orquestra. Os primeiros seguem o modelo pré-clássico, mas a partir do Concerto em Ré maior, K.175, de 1773, Mozart empreendeu uma profunda renovação. A orquestra passou a adquirir maior importância, rivalizando em protagonismo com o solista, e o piano converteu-se, nas obras de maturidade, no poderoso instrumento anunciador da expressividade do Romantismo. Não obstante ter dotado o género de um conteúdo novo, em termos estruturais Mozart continuou a adoptar a tradicional estrutura em três andamentos.
Compôs também concertos para violino, trompa, clarinete, fagote, flauta ou oboé, um concerto para flauta e harpa e a Sinfonia Concertante, para violino e viola.
Da Ponte
Judeu convertido ao catolicismo, padre, libertino e libretista talentoso,Lorenzo da Ponte foi uma personalidade fora do comum. Dotado de grande cultura grande sentido teatral, estabeleceu com Mozart uma frutuosa colaboração, da qual resultaram três obras-primas: As Bodas de Fígaro (1786), D. Giovanni (1787) e Così Fan Tutte (1790). A mais perfeita simbiose entre música e teatro,com alguns toques de subversão no plano da sátira social.
VienaEm 1781 Mozart rompeu com o príncipe-arcebispo Hieronymus von Colloredo e abandonou Salzburgo para se instalar em Viena. Trocava a posição de músico-funcionário, característica do Antigo Regime, pelo estatuto de artista livre. Os primeiros anos em Viena foram bastante prósperos. Mas depois de quatro ou cinco temporadas foi perdendo a popularidade, os gastos familiares aumentaram, a saúde deteriorou-se e não conseguiu nenhum cargo estável, salvo um título honorífico em 1787 como compositor de música de câmara do imperador, com um salário que era menos de metade do que havia recebido Gluck antes dele. A maior parte das obras que imortalizaram Mozart foram compostas nestes dez últimos anos de vida, que acabariam em miséria e sofrimento. O menino-prodígio que tinha deslumbrado a Europa durante 30 anos, autor de algumas das maiores criações da humanidade, foi depositado numa vala comum no cemitério de Saint-Marx.
Empfindsamkeit
A Empfindsamkeit (ou estilo da sensibilidade) teve em Carl Ph. E. Bach o seu principal cultor. Caracteriza-se pelas ousadias harmónicas, a profusão da ornamentação, o uso de uma espécie de estilo recitativo aplicado à música instrumental (na herança do stylus phantasticius da época anterior) ou os contrastes abruptos entre secções. Encontra-se presente em várias obras de Mozart, com particular incidência nas belíssimas Fantasias para piano.
Galante
O estilo galante é outro dos ingredientes-chave da música de meados do século XVIII, que Mozart absorveu, subvertendo subtilmente as suas fórmulas de modo a causar surpresa ao ouvinte. Alguns dos seus principais traços eram a supremacia da melodia sobre a harmonia, o uso de figurações de acompanhamento como o baixo de Alberti ou a periodicidade rítmica (geralmente em grupos de quatro compassos).
Haydn
Mozart conheceu Haydn aos 12 anos, passando a nutrir por ele uma admiração que durou toda a vida. Haydn considerava Mozart o maior compositor do seu tempo. Em 1785, Mozart dedicou-lhe seis quartetos de cordas, "fruto de um grande e laborioso esforço", que se contam entre a suas mais inspiradas criações. O último é o famoso Quarteto das Dissonâncias K. 465.
Infância
Mozart foi o mais extraordinário menino-prodígio da história da música. Começou a compor antes dos cinco anos e aos seis apresentava-se na corte da imperatriz Maria Teresa. O mito da "eterna criança" associado à vida e à personalidade do compositor tem porém algo de paradoxal, se pensarmos que durante a infância Mozart tinha as obrigações e compromissos de um intérprete e compositor profissional em digressão pelas principais capitais europeias. Aos treze anos já tinha composto em todos os géneros da sua época: sonatas, concertos, sinfonias, obras religiosas e óperas."
Köchel
Ludwig von Köchel realizou em 1862 o primeiro catálogo temático das mais de 600 composições de Mozart. Desde essa data tem vindo a ser actualizado em edições sucessivas. Os números de Köchel (K. ou KV) usam-se universalmente para identificar as obras do compositor.
Leopold
Leopold Mozart era violinista na capela do arcebispo de Salzburgo, da qual foi mais tarde nomeado director musical assistente. Era uma compositor com uma certa reputação e autor de um célebre tratado sobre interpretação violinística. Fez da promoção de Wolfgang e da sua irmã Nannerl (também ela uma talentosa pianista) o seu supremo objectivo de vida.
Maçonaria
Mozart entrou na Maçonaria em 1784. Baseados na igualdade e na fraternidade, os seus valores correspondiam aos ideais Iluministas e afirmavam-se contra todas as formas de tirania. Mozart compôs várias obras para a Maçonaria, que culminam na profunda simbologia que percorre A Flauta Mágica. Se o Requiem é considerado o "testamento espiritual" de Mozart, A Flauta Mágica é o seu testamento filosófico. A procura da verdade do homem entre as trevas (Rainha da Noite) e a luz (Sarastro), uma viagem iniciática de múltiplas leituras.
Melodia
A criatividade melódica é um dos traços distintivos do génio de Mozart. As suas melodias são simples, elegantes e dotadas de um gracioso cantabile. Ao contrário de Beethoven, que usava materiais musicais relativamente elementares, que depois combinava e desenvolvia em elaboradas arquitecturas, a música de Mozart é frequentemente construída em função da sua prodigiosa imaginação melódica, deixando em segundo plano a experimentação formal.
Música religiosa
A maior parte da música sacra de Mozart foi escrita durante o período de Salzburgo. Depois de se instalar em Viena, em 1781, Mozart apenas escreveu a monumental e inacabada Missa em Dó Menor, o motete Ave verum Corpus e o Requiem. Como é próprio da época, Mozart recorre a uma multiplicidade de estilos, combinando o rigor do contraponto e da fuga com o melodismo e a expressividade da escola italiana, ecos da ópera com reminiscências da música tradicional austríaca e da Alemanha do Norte. Destaca-se a Missa da Coroação - cujo paralelo entre o "Agnus Dei" e a ária "Dove sono" de As Bodas de Fígaro testemunha a interpenetração sem preconceitos do estilo sacro e teatral -, a Missa Solemnis K. 139 ou a já citada Missa em Dó menor K. 427.
Ópera
Dramaturgo milagroso que Goethe comparou a Shakespeare, Mozart soube mostrar nas suas óperas a universalidade das paixões humanas, numa combinação perfeita entre palavra e música. Percorreu as várias tendências da ópera do seu tempo (ópera cómica, ópera séria, Singspiel, serenata), aperfeiçoando e renovando cada uma delas. Notável na caracterização psicológica das personagens (que nunca são estereotipadas, mas partilham das contradições e indecisões humanas), soube caracterizar tipologias sociais através do uso de linguagens musicais distintas e manipular os códigos vigentes em função da naturalidade e fluência da acção. Além das óperas italianas que integram a já referida trilogia Da Ponte, destacam-se as óperas sérias Idomeneo e a La Clemenza di Tito e os Singspiels (ópera de tradição alemã que inclui diálogos falados) O Rapto do Serralho e A Flauta Mágica.
Quartetos, quintetos
Apesar de ser uma das áreas menos conhecidas da produção de Mozart, a música de câmara é, juntamente com a ópera e os concertos para piano, um ponto supremo da sua carreira. Do duo ao quinteto, abordou grande variedade de formações combinando cordas e sopros. Estas obras caracterizam-se pela independência entre os vários instrumentos e pelo facto de estes poderem intercambiar entre si as funções de melodia e acompanhamento. Mozart foi um mestre do quarteto de cordas, mas o seu talento atinge também grande plenitude nos quintetos. Aconselha-se a audição do Quinteto para piano e sopros K. 452, dos Quintetos de cordas K. 515, 516 e 614 ou do Quinteto com clarinete K. 581.
Requiem
A mais célebre obra religiosa de Mozart, quer pela sua genialidade, quer pelas circunstâncias romanescas que envolvem a sua génese. No Verão de 1791 Mozart recebeu um mensageiro secreto que lhe encomendou uma missa de defuntos. Não só ignorava quem era o destinatário da partitura - o conde Walsegg-Stuppach - como o facto de a sua própria morte vir interromper a tarefa. Esta seria completada pelo seu amigo e discípulo Franz-Xaver Süssmayr. De carácter grave e sombrio, o Requiem afasta-se da habitual contaminação operática, que na época impregnava as partituras religiosas. O colorido orquestral é escuro, com predomínio do timbre peculiar dos corni di bassetto, muito característico das obras maçónicas do compositor. Como nenhum outro, Mozart soube exprimir a partir do texto da liturgia cristã todos os estados de espírito perante a passagem inexorável da morte. O "testamento espiritual" de Mozart ficará como um dos pontos mais altos da criação humana.
Salieri
Antonio Salieri, respeitável compositor em Viena, foi colocado na sombra pelo génio de Mozart. A rivalidade terá existido, mas a posteridade alimentou uma lenda injusta (Salieri teria estado por trás da morte de Mozart motivado pela inveja e o ciúme), inspirada em duas peças de teatro: Mozart e Salieri, de Pouchkine (1832), e Amadeus, de Peter Shaffer (1979). A primeira deu origem à ópera homónima de Rimski-Korsakov e a segunda ao filme de Milos Forman. Visto durante muito tempo como um compositor medíocre, Salieri tem sido reabilitado por algumas gravações nos últimos anos, entre as quais o CD de Cecilia Bartoli.

Sinfonias
Mozart escreveu mais de 60 sinfonias, embora a numeração oficial só indique 41. Muitas são obras de juventude, outras perderam-se. Inicialmente influenciadas pelos sinfonistas italianos (como Sammartini) e por Haydn, caracterizam-se pela riqueza de orquestração, liberdade na escrita das várias partes e variedade emocional. As mais importantes são a Sinfonia Praga e as três últimas (n.º 39, n.º 40 e n.º 41, Júpiter), escritas em apenas seis semanas no Verão de 1788. Embora não formem um ciclo, encontram-se unidas por um maior nível de profundidade e caracterizam-se por uma densidade e um dramatismo sem precedentes. O génio de Mozart manifesta-se no seu conteúdo, que faz delas o ponto mais alto da sua produção sinfónica e da sinfonia clássica em geral.
Serenatas
O termo "serenata" engloba peças de características diversas na produção de Mozart e dos seus contemporâneos. No século XVIII empregavam-se indiferentemente as designações "divertimento", "serenata" ou "cassation" para obras de inspiração comum. A maioria das peças desta índole foram compostas na década de 1770, destinando-se a contextos tão diversos como reuniões em jardins, serenatas, casamentos, aniversários, concertos domésticos, etc. A formação instrumental podia ser reduzida ou usar efectivos semelhantes aos da sinfonia. A célebre Pequena Serenata Nocturna é uma espécie de sinfonia em miniatura, mas o modelo mais habitual da serenata incluía sete ou oito andamentos, dos quais o primeiro era geralmente uma marcha. A serenata era também um campo privilegiado no cruzamento entre a música de câmara e a música para agrupamentos de sopros, que se apresentavam ao ar livre (Harmoniemusik). A notável Grand Partita (ou Serenata K.361/370a), para treze intérpretes, constitui um ponto culminante desta tradição.
Sonatas
"Demasiado fácil para as crianças e demasiado difícil para os adultos". Esta célebre frase a propósito da música para piano de Mozart assume grande pertinência nas suas 18 sonatas. A sua pureza de expressão solicita espontaneidade, rigor e equilíbrio. Como escreveu Brendel "Mozart não é feito de porcelana, nem de mármore, nem de açúcar", como algumas interpretações podem fazer crer. Sem atingir a estatura do ciclo de Sonatas para Piano de Beethoven nem a inspiração dos Concerto para piano do próprio Mozart (verdadeiros dramas sem palavras), condensam várias páginas admiráveis (por exemplo as Sonatas K. 310, 331, 457, 570 e 576).
Viena
Em 1781 Mozart rompeu com o príncipe-arcebispo Hieronymus von Colloredo e abandonou Salzburgo para se instalar em Viena. Trocava a posição de músico-funcionário, característica do Antigo Regime, pelo estatuto de artista livre. Os primeiros anos em Viena foram bastante prósperos. Mas depois de quatro ou cinco temporadas foi perdendo a popularidade, os gastos familiares aumentaram, a saúde deteriorou-se e não conseguiu nenhum cargo estável, salvo um título honorífico em 1787 como compositor de música de câmara do imperador, com um salário que era menos de metade do que havia recebido Gluck antes dele. A maior parte das obras que imortalizaram Mozart foram compostas nestes dez últimos anos de vida, que acabariam em miséria e sofrimento. O menino-prodígio que tinha deslumbrado a Europa durante 30 anos, autor de algumas das maiores criações da humanidade, foi depositado numa vala comum no cemitério de Saint-Marx.

Cristina Fernandes
"in Público"